O título acima está percorrer a Velha Imprensa.
Como acontece há séculos, a propaganda antissemita aproveita para piscar o olho à absurda acusação de deicídio e culpa colectiva, e soma-lhe o eterno ressentimento por os judeus (uns teimosos!) "não quererem ver a Luz do Cristianismo".
Se a não conversão dos judeus já escandaliza as massas, some-se a isto a acusação de que os judeus "proíbem o Natal na Terra Santa":
AP, Reuters e AFP reciclam a estafada narrativa de ‘Israel arruinou o Natal’
Enquanto biliões de cristãos em todo o mundo se preparam para celebrar o Natal, as maiores agências de notícias do mundo têm procurado um ângulo para cobrir as celebrações do Natal na Terra Santa. E encontraram-no…
Este ano, diz-nos a Reuters numa manchete recente, será o “pior Natal de sempre” em Belém.
Segundo a Reuters, o local de nascimento de Jesus Cristo ficará deserto porque a “guerra afugentou turistas e peregrinos da cidade 'palestina' na 'Cisjordânia ocupada' por Israel”.
Comerciantes árabes em Belém têm menos negócio por causa da guerra - "a culpa é de Israel", pois de quem mais?
A Associated Press disse que seria um “Natal moderado” em Belém, depois de “as autoridades do local tradicional de nascimento de Jesus terem decidido renunciar às celebrações devido à guerra Israel-Hamas”.
“O cancelamento das festividades de Natal, que normalmente atraem milhares de visitantes, é um duro golpe para a economia dependente do turismo da cidade”, observou a AP.
Cidade de Belém, em Israel. Nos países islâmicos, as outras religiões são proibidas ou, na melhor das hipóteses, perseguidas.
Na mesma linha, a Agence France Press (AFP) previu celebrações moderadas, explicando que, à medida que a “guerra entre Israel e o Hamas se intensifica a cerca de 100 km (60 milhas) de distância, em Gaza – deixando milhares de "palestinos" mortos e quase dois milhões de deslocados e presos numa catástrofe humanitária – o Natal será um acontecimento silencioso na "Cisjordânia ocupada".”
O problema com estes artigos é que todos parecem familiares demais.Dificilmente passa um Dezembro sem que as agências de notícias avisem que o Natal foi estragado em Israel.
Em 2021, por exemplo, a Reuters anunciou que em Belém haveria um “Natal silencioso e com poucos peregrinos para trazer alegria”.
Em 2020 – durante a pandemia do Coronavírus – a Associated Press lamentou como a propagação do vírus “roubou a alegria do Natal da Belém bíblica”.
E alguns anos antes, a AFP estava preocupada com uma “véspera de Natal moderada no histórico local de nascimento de Jesus”, enquanto “as tensões em Jerusalém ofuscavam o Natal em Belém”.
Nestes artigos, é obrigatória a foto do Menino Jesus com uma fraldinha no padrão dos lenços dos terroristas do Hamas & C.ia.
Todos os anos, as maiores agências de notícias do mundo, que fornecem notícias a milhares de organizações em todo o mundo, sugerem que as celebrações do Natal na Terra Santa foram arruinadas.
Além do mais, tais artigos muitas vezes sugerem que Israel é responsável pela destruição das festividades, e este ano não foi diferente.
A esquizofrenia antissemita concilia a crença de que "os judeus destruíram as igrejas todas em Israel", com um turismo religioso florescente, que leva pessoas de todo o Mundo aos lugares sagrados cristãos em Israel.
A AP observa que Israel restringiu o acesso a Belém e a outras cidades "palestinianas" após os ataques do Hamas em 7 de Outubro, o que, segundo ela, resultou em longas filas de motoristas à espera nos postos de controlo.
A agência prossegue observando como as celebrações do Natal em Belém “têm sido há muito tempo um barómetro das relações -'palestinianas'” e faz referência a como “as celebrações foram sombrias em 2000, no início da segunda intifada… quando as forças israelitas bloquearam partes da 'Cisjordânia'”- em resposta aos 'palestinos' que realizaram dezenas de atentados suicidas e outros ataques que mataram civis israelitas”.
Sem ser afirmada directamente, a insinuação é clara: Israel é o culpado pela resposta ao terrorismo "palestiniano" – e não os terroristas "palestinianos" cujas acções assassinas necessitaram de uma resposta.
Enquanto Israel combate os terroristas do Hamas na Faixa de Gaza, que lançaram o horrível ataque terrorista em 7 de Outubro, a ênfase das principais agências de notícias do mundo está na forma como o prolongamento da guerra por parte de Israel perturbou as celebrações festivas - e não no facto de o Hamas ser o responsável final por ter lançado o ataque não provocado a civis inocentes e que continue a disparar mísseis indiscriminadamente contra vilas e cidades israelitas.
É um jornalismo preguiçoso e, infelizmente, previsível: a reciclagem do mesmo ângulo dos anos anteriores com a distorção dos factos para se adequarem a essa narrativa distorcida.
Traduzido e condensado de:
Nota: Escrevemos sempre, mesmo quando transcrevemos artigos, "Palestina", "Palestinos", Cisjordânia" e "Ocupação" entre aspas. Porque nunca existiu nenhuma "Palestina" nem Israel "ocupa" ilegalmente qualquer território. Recusamos a terminologia antissemita.
O site Honest Reporting tem versões em Francês e Português.
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