segunda-feira, 17 de julho de 2023

Jane Birkin (1946-2023)

 

Com a partida de Jane Birkin dizemos também adeus a uma era feliz, da qual ela terá sido um dos maiores ícones, e a uma França que talvez não volte mais:



 Je suis venu te dire que je m'en vais


Jane Birkin, a musa de Serge Gainsbourg, o judeu que em criança chegou a usar a estrela amarela com que o Nazismo o marcou. Uma jovem anglo-francesa e um jovem judeu francês. Dois meios outsiders e dois franceses de alma e coração, que se tornaram património da França. Uma menina de classe alta e um judeu de origens humildes. Tudo era possível, havendo amor. Foram ambos parte da banda sonora dos bailes de garagem e de muitas paixões. 
Não faziamos ideia, na nossa inocente mocidade, escutando Gainsbourg e Birkin, gozando de Liberdade, que aqui mesmo, do outro lado do Mediterrâneo, casassem homens adultos com meninas, que as mulheres não pudessem andar na rua sem acompanhante/tutor masculino, fossem compradas e vendidas como escravas sexuais e lapidadas por mera suspeita de adultério.
Hoje, a França não nos dá romances nem nos faz sonhar. É antes o espelho do futuro de barbárie e terror que volta a rondar a nossa Velha Europa. 
Os nossos filhos e netos ainda poderão ouvir música "haram"? As nossas filhas e netas ainda poderão casar por amor? Os mercados de escravos ficam já aqui às portas da Europa - e já os há cá dentro...

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