sábado, 5 de janeiro de 2019

Não existe e nunca existiu um "Plano Kalergi" (1ª parte)


Ter certezas sobre o que se desconhece e nunca se estudou é próprio dos tolos. VAMOS ESTUDAR?...


Que cada mal que acontece no mundo é atribuído aos judeus, toda a gente sabe. Mas pegar num senhor nascido no século 19, acusá-lo da islamização da Europa no século 21, e culpar... os judeus, é obra! Mesmo para os parâmetros de abjecção dos anti-semitas.
O senhor Kalergi e os judeus não são os autores do EURISLAM, o programa oficial de substituição populacional da Europa que vemos desde há cerca de uma década!
E quem são "os judeus", afinal? Alguma vez "os judeus" foram uma ideologia ou uma entidade homogénea? Os judeus são 0,17% da Humanidade, e cada um deles é autónomo nas suas ideias.
Para arranjarem maneira de culpar "os judeus" pela invasão islâmica da Europa, que mata judeus, mais do que quaisquer outras pessoas - ver por exemplo:

Com a chegada dos maometanos à Europa, a situação dos judeus tornou-se um pesadelo.

Os odiadores patológicos foram desencantar o senhor Kalergi, e encarregaram-se de deturpar maliciosamente o que ele escreveu há 100 anos! 
E onde estão as PROVAS de que "os judeus" estão a islamizar a Europa? Estão nos putativos escritos do senhor Kalergi, pois então!
A islamização da Europa está a ser OFICIALMENTE promovida pelas elites políticas europeias, pelos globalistas, pela extrema-esquerda e pelos nazis como o senhor Soros, todos visceralmente anti-semitas e todos apaixonadamente submissos e aliados do Islão:

União Europeia lança "Eurislam" - o projecto de islamização da Europa

Mas, de quem diz que os judeus se fizeram matar aos milhões propositadamente para as pessoas terem pena deles, só podemos esperar DEMÊNCIA TOTAL.

Não existe e nunca existiu um Plano Kalergi
Pelo menos como é apresentado nos media, com a teoria da conspiração que o acompanha.
Primeira parte 
CHRISTINE TASIN, em RIPOSTE LAIQUE.
Fico surpresa ao ler, com demasiada frequência, que a substituição da população seria a aplicação pura e simples de um certo Plano Kalergi, assim nomeado em homenagem ao político Richard Coudenhove-Kalergi, que, tendo tido a infelicidade - e a má ideia - de fazer parte dos traumatizados da Primeira Guerra Mundial, acreditava, como muitos, que era necessário fazer tudo para que "nunca mais acontecesse", e que a melhor maneira de o conseguir seria construir, à escala da Europa, o equivalente à Suíça (que ele admira, e que tomava como modelo) ou aos Estados Unidos da América, uma federação que criasse laços indestrutíveis entre nações, que tornariam qualquer guerra impossível.
Ele é acusado de ter lançado as sementes do desaparecimento das nações, condição prévia necessária para essa federação europeia, sem que se procure comparar a Europa que ele sonhou com a que foi criada, em completa violação dos seus desejos.
Mas ele é mais frequentemente verberado, porque teria, no seu livro Praktischer Idealismus, publicado em 1925, imaginado uma raça mestiçada, uma raça ideal, Negróide ... onde alguns vêem a culminação das actuais campanhas pela diversidade e pela sociedade multicultural. 
Tentarei fazer luz sobre a pessoa e o seu trabalho, a fim de dar a César o que é de César. Se Kalergi sonhava com uma Europa sem guerra, com uma Europa com acordos entre nações, ele estava muito longe da Europa que vemos, a qual ele também teria contemplado com horror, como mostram os trechos do seu trabalho que vou citar. Foram outros que, inescrupulosamente, transformaram o sonho europeu de Kalergi num pesadelo. Além disso, as citações que alguns fazem, fora de contexto e, em particular, suprimindo o que as precede, não correspondem de forma alguma ao projecto de sociedade de Kalergi, que, pelo contrário, sonhava com um mundo não mestiçado...
Começarei recordando algumas etapas importantes da vida, do pensamento e dos escritos de Richard Coudenhove-Kalergi, antes de mostrar que a reputação que lhe é feita é um mau julgamento baseado em citações isoladas, truncadas, que distorcem totalmente discurso do político.
Vou propor 2 artigos sobre o assunto.
O primeiro será dedicado à vida e pensamento de Richard Coudenhove-Kalergi.
O segundo será dedicado à questão da "raça negro-eurasiana" com a qual ele teria sonhado. 
http://resistancerepublicaine.eu/2016/03/31/non-kalergi-na-jamais-voulu-une-race-future-negroido-eurasienne-deuxieme-partie/

1. Richard Coudenhove-Kalergi, prosélito de um sistema totalitário?

.   Podemos encontrar, em todo o seu trabalho e reunidas na conferência que ele deu em 1939 sobre O Patriotismo Europeu, as suas grandes ideias sobre a Europa, a que ele chamou os seus desejos.

   
Ele era, em primeiro lugar, um amante das nossas raízes, gregas e cristãs, e da nossa História. Ele escolheu como emblema do movimento pan-europeu que fundou a Cruz encarnada das Cruzadas sobre o sol dourado de Apolo.
  Assim, a Europa de Kalergi, definida como unida contra um inimigo comum e como uma figura do espírito que brilha no mundo, deveria estar pronta para enviar os seus cavaleiros (o modelo é o cavaleiro medieval, a quem ele admirava) para defender a sua honra. Em suma, uma Europa cristã, impulsionada por um ideal cavalheiresco que a levaria a assumir a liderança no planeta. Ele acreditava no patriotismo europeu.
.    Foi ele também quem teve a ideia de um acordo entre o carvão alemão e o minério francês em 1923. Uma ideia que levaria à Comunidade Europeia do Carvão e do Aço nos anos 50.
Na verdade, o que ele chamava uma federação europeia e o que ele ansiava, era mais uma confederação, era mais um espírito de união, e não o sistema totalitário baseado no lucro, que conhecemos.
 .   Toda a sua vida, ele teve a sensação de ter sido traído. A Europa que foi construída foi-o sem ele e, porque não era a Europa que ele sonhou, ele seria muito rapidamente mantido afastado de reuniões e decisões.
Escolheu o Hino à Alegria como o Hino da Europa, ignorando o que as elites americanas e europeias fariam com o seu sonho, que pisotearam e traíram.
Ele também sonhava com uma bandeira europeia e um selo postal ... ele não podia imaginar como, quase um século depois, as elites da Europa iriam adulterar o seu sonho, a sua visão.
.    Ele odiava Hitler, que o perseguiu, e teve que fugir da Alemanha nazi. Ele lutou toda a sua vida contra o totalitarismo, explicando que a Europa deveria permanecer um farol de inteligência, ciência, cultura e, portanto, progresso, permitindo a igualdade entre os homens.
Ele recusou o modelo racista nazi, o modelo comunista ditatorial e o modelo materialista que levou ao capitalismo excessivo que hoje seria chamado ultraliberalismo.
NDT: Daí o ódio que os nazis lhe têm e a ideia de lhe atribuírem responsabilidades pela reedição da velha aliança islamo-nazi! Quanto cinismo...

.    O modelo suíço com o qual ele sonhava possui, em poucas palavras, a igualdade de todos os cidadãos, sem distinção, e das nações, grandes e pequenas, na tomada de decisões; a independência, segurança e integridade de cada país pertencente à federação, o respeito pelas liberdades e direitos humanos (as referências neste momento são as da declaração de 1789, muito diferente da de 1948 ...) e claro, da democracia na Suíça como a conhecemos.

Em nenhum lugar da obre de Kalergi existe qualquer questão sobre direitos específicos das minorias e, ainda menos, encorajamento para permitir que não-europeus invadam a Europa e destruam a sua identidade e essência ...

 2 - O seu livro, Praktischer Idealismus

Não é fácil encontrar online, excepto em Alemão, e, tanto quanto sei, há apenas uma tradução na Internet:

http://fr.scribd.com/doc/217701916/Coudenhove-Kalergi-Richard-Nikolaus-Idealisme-pratique-Noblesse-Technique-Pacifisme-1925#scribd
Com este preâmbulo da tradutora, que não é desinteressante (não podemos seleccionar e copiar e colar extractos do PDF, o que me obrigou a fazer  os screenshots que se seguem e que também vai encontrar na segunda parte):








Christine Tasin é Presidente da Resistência Republicana e Professora Associada de Letras Clássicas.

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